sexta-feira, 27 de março de 2009

pensamentos aleatorios

uma pausa nos posts da Expedicao pro Norte para uma pequena nota:

  • minha cabeca tah ficando doida que nem de passarinho em eclipse. como pode ser 20h da noite e ainda ter o mesmo sol das 17h30 de Recife? Tah tudo claro!!! uhauhahua
  • sentir o mundo mudando da uma sensacao de movimento interessante, eu gosto disso. aqui em Mumbai do dia pra noite comecou a fazer frio! mas agora tah chegando o verao e tah esquentando, esquentando...
  • entrei pra um projeto da Cisco aqui, eh um micro cosmos dentro do micro cosmos TCS por ele mesmo. a turma tah conferindo se tou limpo na policia, se meus pais sao gente boa, se eu nao tenho envolvimento com drogas... ui ui ui

terça-feira, 24 de março de 2009

No que se passou nq expedicao pro Norte (parte 3)

Um pit-stop para Deus... Shimla pra Manali
Foram varias horas “malhando” o abdomen de tanto sacolejo de um lado para o outro. Em muitos lugares a Estrada, ou melhor, o caminho so cabia um carro. Nas estradas eh normalissimo por aqui buzinar avisando pro carro que vem na outra mao “oh eu aqui, tou passando, nao vem agora nao”. Principalmente nas curvas (varias vezes quase 90 graus de curva). Alem disso sao poucos os pontos onde se ve aquela protecao lateral pra evitar o carro cair no abismo... haja coracao!

Apos algumas horas paramos para lanche e no meio de um biscoito e outro senti um cheiro peculiar de maconha no ar. Nos entre-olhamos, olhamos pro matagal pr aver se tinha alguem la, mas nao tinha ninguem. O unico cidadao com um cigarro na mao era o nosso motorista. Era so o que faltava, um motorist doidao nessa Estrada maluca...

Na verdade depois de alguma conversa a gente chegou a conclusao de que nao era maconha e sim um tipo de cigarro popular entre os motorist de rickshaws. Ufa :)

Seguimos viagem e no meio do percurso passamos por um templo de Kali. Kali eh um dos incontaveis deuses do Hinduismo. Nosso motorista como um bom Hinduista e seguidor de Kali estacionou o carro e nos deixou um olhando pro outro com uma interrogacao purpura de cetim brilahnte na testa enquanto ele fazia sua prece.

Apos poucos minutos prosseguimos com nosso itinerario e em algumas horas avistamos as primeiras montanhas dos Himalayas.


Onde a Revolucao Industrial ainda ta pra chegar...
Chegamos em Manali por volta da meia noite e apos dar de cara com a porta fechada do lugar em que ficariamos encontramos um outro que tinha uma senhora muito simpatica como dona. Ela e o filho/sobrinho/qualquer coisa sao do Nepal.

Foi nesse lugar que senti a India timidamente se descobrindo um pouco mais para mim. Pessoas mais simples, num lugar que a revolucao industrial parece ainda nao ter chegado. Pessoas sem a linguagem corporal irritante.

Perto da “pousada” tem umas “hot springs” onde o povo lava a roupa. Tambem tem uma piscina onde os homens tomam banho de cueca. Fantastico, nao? Sei que fiquei na minha, usando a tatica de “documentarista do Discovery”, procurando nao interferir em nada, pois qualquer comentario ou atitude poderia inteferir o curso natural das coisas.

Mais na frente tinha mais aguas quentes onde as lavadeiras faziam seu oficio: lavar e apaixonar os turistas. Fiquei hipnotizado por alguns minutos por uma delas. Fiquei viajando nela enquanto ela tava concentrada na roupa suja. Esfrega, esfrega, esfrega...

Voltando em mim segui pro meu cafe da manha Tibetano e enquanto tomava meu capuccino escaldante pra aliviar o frio vi ao vivo pela primeira vez uma maquina de tear sendo usada para fins de subsistencia. Enquanto a senhora trabalhava no tear um senhor estava transformando o pelo em um rolo de la... tudo bem poetico. Eu sei que nao preciso ir tao longe, mas me senti na idade media.

Falando em Idade Media, Juliana e as meninas foram pra piscina das ladies.La a cena parecia ainda mais historica. Lembrava Roma e Grecia antiga. Varias mulheres em seus trajes intimos DANDO BANHO uma nas outras de forma pura e ingenua. Esfrega, esfrega, esfrega...

La fizemos o que o turista padrao faz: templo tibetanos, templo hinduista (onde acredita-se que Kali deixou uma pegada la, por isso o templo), yacks (uns bufalos bem peludos) e fomos a “estacao de ski” que eu nao lembro o nome. Sim, tem NEVE na India :)

Em geral os Indianos sao sapecas. Peter pans na neve. Sem nenhum medo de passar vergonha. Seja crianca, pai ou avo. Isso foi uma coisa interessante que a Marcela percebeu. Eles atuam de um jeito cafona que muitos teriam vergonha no Brasil. E eu estou falando de pessoas que tem dinheiro suficiente para viajar ate Manali.

Proximo post: McLeod Ganj, o mini-Tibet.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Do que se passou na Expedicao pro Norte (parte 2)

Da trajetoria pro aeroporto...
A viagem comecou na 5a-feira de manha, mas pra mim tudo comecou na 4a-feira, gracas a minha vida de engenheiro pedreiro de software…

Devido a um release virei a noite de 4a para 5a-feira no escritorio, chegando em casa pontualmente as 6 AM pra arrumar socar as roupas no mochilao e partir pra encontrar a Marcela as 8 AM e irmos ao aeroporto. Alem de eu ter trazido apenas 12kg de mala pra India, metade das roupas estavam sujas no cesto, porque (bem no meu estilo Lucas de ser) pensei que nada, quando chegar de noite eu coloco pra lavar e de manha elas tao limpas”. Entao viajei com metade do pouco que trouxe. Um enigma que meu pobre cerebro ainda nao conseguiu resolver: por que a mochila sempre fica cheia independente da quantidade de coisas que coloco nela?

No aeroporto domestico uma medio-surpresa (como Manusinha gosta de falar): la eh organizado! Nao eh como o internacional que tem bambus segurando as estruturas. Outro enigma: por que renegam o coitado do aeroporto internacional? Pra espantar turista?

No aviao mais outra surpresa, o voo soh durou 2h e chegando em Chandigargh seguimos direto pra rodoviaria. Pobre de mim… Entao do aeroporto pegamos um taxi (obivamente apos alguns minutos de barganha) e no meio do trajeto o motorista resolve parar em uma das juncoes de nomes malucos a la Brasilia (B275-C4 sector) pra trocar de carro”. Coisas que a India oferece pra voce neh… entao trocamos de carro e seguimos pra rodoviaria.

Na rodoviaria compramos nosso ticket para Shimla e la fomos nos em mais um shit bus. Ai como somos felizes com a Princesa do Agreste, Progresso, TIP… a India me faz perceber a felicidade em coisas pequenas da vida como um banho, um onibus decente, catota amarela em vez de preta… acho que essa eh a magica desse lugar.



Do xarope de turbante vermelho
Quando me dirigi pro meu assento (2 pessoas de um lado, 3 pessoas do outro) encontrei um bacana que querendo ser legal foi muito xarope. Esse cidadao de turbante vermelho e barba a fazer tava sentado na janela, depois tinha no meio uma pessoa e eu ficaria na extremidade. Acontece que por motivos homosexuais ou simpaticos ele fez questao de que eu sentasse no meio. Disse pra ele: nao cara, eu vou sentar aqui mesmo” e ai ficou naquele bate-bola dele dizendo voce vem” e eu dizendo eu fico aqui” ate que ele desistiu da ideia de eu sentar no meio. Fiquei sentado apoiando minha cabeca na mochila que estava nas minhas coxas e tentei dormer um pouco. Mexe pra la, mexe pra ca tentando achar uma posicao boa pra um coxilo e eu sinto o cara me cutucando no joelho hey, Sir, Sir… please, whats your country?”. Da pra acreditar? Era o xarope do cara puxando assunto. Eu nem levantei a cabeca, soh fiz movimento com a mao dizendo cala a boca”. Isso nao foi suficiente. O xarope de turbante vermelho pediu pro cara do meio pra trocar de lugar. O cidadao falava tao perto de mim que o turbante dele batia na minha cabeca. Concentrei, respirei, pedi pra Krsna, Buddha, Dalai Lama e pro o Universo inteiro pra que me dessem paciencia pra aguenta-lo. Eu quero ver que cultural inductions consegue preparar uma pessoa pra isso… Empurrando ele pra tras falei de forma mais incisiva pra ele me deixar e voltei a dormir”.

Alguns minutos depois a pessoa do meio desceu do onibus e ai o xarope foi pra janela denovo

Depois de tudo isso percebi que seria impossivel dormir naquele onibus e resolvi comer uns chips e talvez por peso na consciencia pela minha nao-simpatia ofereci alguns chips e fiz as pazes com o cidadao. Pra minha sorte poucas paradas a frente chegou a hora dele descer do onibus e dai pra frente a unica coisa que eu tive que me preocupar foi em me segurar na cadeira por causa das ultra sacolejantes curvas. Foi o dia que comecei a odiar estradas em montanhas. E isso era apenas o inicio.



Em Shimla…
Depois de muito sacolejo chegamos nessa cidadezinha pacata. Eh a capital de Himachal Pradesh, mas eh tao pequena, tao aconchegante, tao interiorana que nao lembra uma capital. Os indianos recem-casados costumam ir pra lua-de-mel la… Lembrei de longe (tipo distancia da India pro Brasil mesmo) de Garanhuns. Lamentei por nao encontrar chocolate quente nem morango com chocolate. Tambem nao bebemos aquele vinho Argentino barato que jah eh tradicao minha quando em lugares assim. Pequenas manias e habitos que se define e se resume em uma palavra: envelhecer.

Quantas manias eu jah tenho? Tava pensando nisso outro dia. Quantos sintomas de velhice eu jah tenho? Exemplos:

  • odeio escutar barulho de teclado dos outros.
  • odeio ter preferencia e tambem nao ter preferencia
  • quando comeco a escovar os dentes sempre tento comecar por um lado diferente

Com certeza tem mais que eu nao lembro agora. Entao quem souber de alguma mania minha, favor deixar o comentario.

Falando nisso, uma das meninas que viajou conosco sofre do TOC. CER-TE-ZA! A menina foi a viagem inteeeira pedindo pro motorista parar pra fazer 2 coisas: escovar os dentes e fazer xixi. Se ela come 1 biscoito ela tem que escovar os dentes imediatamente. No inicio pensei que ela estava com alguma obturacao faltando, mas nao… eh isso mesmo, sintoma de velhice, TOC ou coisa parecida.

Me lembrei de uma frase que gosto QUEM SE DEFINE SE LIMITA”. Por que eh tao dificil fazer coisas aleatorias? De fugir dos habitos e manias? E ate mesmo no ato de fazer coisas aleatorias voce jah tah no habito… Aaah… jah tou viajando demais. Culpa do Arnaldo Antunes que tah cantando agora.

Jah fugi completamente do assunto, vou parar por aqui. Espero que leiam.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Viagem pro Norte (parte 1)


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Aaah... acho que vou comecar o post com uma frase que minha amiga nao parava de repetir...
"ESSE PAIS NUNCA PARA DE ME SURPREENDER" - Juliana Castillo, colombiana ha mais de 1 ano na India.

A viagem foi incrivel! Nem sei quantos dias foram, acho que uns 10.
Vou deixar voces com o itinerario que fizemos. Quando bater a inspiracao escreverei aqui.
  • Mumbai para Chandigargh: primeira (unica?) cidade planejada da India.
  • Chandigargh para Shimla: terra dos casais em lua de mel
  • Shimla para Manali: uma imitacao barata do Chile. lugares para ski, montanhas com neve... lindo.
  • Manali para Mcleod Ganj (Dharamsala): o mini-Tibet na India. Dalai Lama mora la. Fomos ao templo budista. Muito simpatico, passou ha 2 metros de mim dando tchau e rindo.
  • Mcleod Ganj para Jammu: terra sob ocupacao. foi o preludio do que estava por vir em Sri Nagar.
  • Jammu para Sri Nagar: dita "O Paraiso na terra", riquissima beleza natural e cultura, porem esta fortissima ocupacao militar. AKs, blindados, soldados para todos lados. Impossivel andar 50 metros sem ver um riffle.