quarta-feira, 18 de março de 2009

Do que se passou na Expedicao pro Norte (parte 2)

Da trajetoria pro aeroporto...
A viagem comecou na 5a-feira de manha, mas pra mim tudo comecou na 4a-feira, gracas a minha vida de engenheiro pedreiro de software…

Devido a um release virei a noite de 4a para 5a-feira no escritorio, chegando em casa pontualmente as 6 AM pra arrumar socar as roupas no mochilao e partir pra encontrar a Marcela as 8 AM e irmos ao aeroporto. Alem de eu ter trazido apenas 12kg de mala pra India, metade das roupas estavam sujas no cesto, porque (bem no meu estilo Lucas de ser) pensei que nada, quando chegar de noite eu coloco pra lavar e de manha elas tao limpas”. Entao viajei com metade do pouco que trouxe. Um enigma que meu pobre cerebro ainda nao conseguiu resolver: por que a mochila sempre fica cheia independente da quantidade de coisas que coloco nela?

No aeroporto domestico uma medio-surpresa (como Manusinha gosta de falar): la eh organizado! Nao eh como o internacional que tem bambus segurando as estruturas. Outro enigma: por que renegam o coitado do aeroporto internacional? Pra espantar turista?

No aviao mais outra surpresa, o voo soh durou 2h e chegando em Chandigargh seguimos direto pra rodoviaria. Pobre de mim… Entao do aeroporto pegamos um taxi (obivamente apos alguns minutos de barganha) e no meio do trajeto o motorista resolve parar em uma das juncoes de nomes malucos a la Brasilia (B275-C4 sector) pra trocar de carro”. Coisas que a India oferece pra voce neh… entao trocamos de carro e seguimos pra rodoviaria.

Na rodoviaria compramos nosso ticket para Shimla e la fomos nos em mais um shit bus. Ai como somos felizes com a Princesa do Agreste, Progresso, TIP… a India me faz perceber a felicidade em coisas pequenas da vida como um banho, um onibus decente, catota amarela em vez de preta… acho que essa eh a magica desse lugar.



Do xarope de turbante vermelho
Quando me dirigi pro meu assento (2 pessoas de um lado, 3 pessoas do outro) encontrei um bacana que querendo ser legal foi muito xarope. Esse cidadao de turbante vermelho e barba a fazer tava sentado na janela, depois tinha no meio uma pessoa e eu ficaria na extremidade. Acontece que por motivos homosexuais ou simpaticos ele fez questao de que eu sentasse no meio. Disse pra ele: nao cara, eu vou sentar aqui mesmo” e ai ficou naquele bate-bola dele dizendo voce vem” e eu dizendo eu fico aqui” ate que ele desistiu da ideia de eu sentar no meio. Fiquei sentado apoiando minha cabeca na mochila que estava nas minhas coxas e tentei dormer um pouco. Mexe pra la, mexe pra ca tentando achar uma posicao boa pra um coxilo e eu sinto o cara me cutucando no joelho hey, Sir, Sir… please, whats your country?”. Da pra acreditar? Era o xarope do cara puxando assunto. Eu nem levantei a cabeca, soh fiz movimento com a mao dizendo cala a boca”. Isso nao foi suficiente. O xarope de turbante vermelho pediu pro cara do meio pra trocar de lugar. O cidadao falava tao perto de mim que o turbante dele batia na minha cabeca. Concentrei, respirei, pedi pra Krsna, Buddha, Dalai Lama e pro o Universo inteiro pra que me dessem paciencia pra aguenta-lo. Eu quero ver que cultural inductions consegue preparar uma pessoa pra isso… Empurrando ele pra tras falei de forma mais incisiva pra ele me deixar e voltei a dormir”.

Alguns minutos depois a pessoa do meio desceu do onibus e ai o xarope foi pra janela denovo

Depois de tudo isso percebi que seria impossivel dormir naquele onibus e resolvi comer uns chips e talvez por peso na consciencia pela minha nao-simpatia ofereci alguns chips e fiz as pazes com o cidadao. Pra minha sorte poucas paradas a frente chegou a hora dele descer do onibus e dai pra frente a unica coisa que eu tive que me preocupar foi em me segurar na cadeira por causa das ultra sacolejantes curvas. Foi o dia que comecei a odiar estradas em montanhas. E isso era apenas o inicio.



Em Shimla…
Depois de muito sacolejo chegamos nessa cidadezinha pacata. Eh a capital de Himachal Pradesh, mas eh tao pequena, tao aconchegante, tao interiorana que nao lembra uma capital. Os indianos recem-casados costumam ir pra lua-de-mel la… Lembrei de longe (tipo distancia da India pro Brasil mesmo) de Garanhuns. Lamentei por nao encontrar chocolate quente nem morango com chocolate. Tambem nao bebemos aquele vinho Argentino barato que jah eh tradicao minha quando em lugares assim. Pequenas manias e habitos que se define e se resume em uma palavra: envelhecer.

Quantas manias eu jah tenho? Tava pensando nisso outro dia. Quantos sintomas de velhice eu jah tenho? Exemplos:

  • odeio escutar barulho de teclado dos outros.
  • odeio ter preferencia e tambem nao ter preferencia
  • quando comeco a escovar os dentes sempre tento comecar por um lado diferente

Com certeza tem mais que eu nao lembro agora. Entao quem souber de alguma mania minha, favor deixar o comentario.

Falando nisso, uma das meninas que viajou conosco sofre do TOC. CER-TE-ZA! A menina foi a viagem inteeeira pedindo pro motorista parar pra fazer 2 coisas: escovar os dentes e fazer xixi. Se ela come 1 biscoito ela tem que escovar os dentes imediatamente. No inicio pensei que ela estava com alguma obturacao faltando, mas nao… eh isso mesmo, sintoma de velhice, TOC ou coisa parecida.

Me lembrei de uma frase que gosto QUEM SE DEFINE SE LIMITA”. Por que eh tao dificil fazer coisas aleatorias? De fugir dos habitos e manias? E ate mesmo no ato de fazer coisas aleatorias voce jah tah no habito… Aaah… jah tou viajando demais. Culpa do Arnaldo Antunes que tah cantando agora.

Jah fugi completamente do assunto, vou parar por aqui. Espero que leiam.

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